Revolução agrícola:
Tecnologia pode dispensar fertilizantes na agricultura
O professor Edward Cocking garante que as
plantas não são geneticamente modificadas, apenas se utilizam de uma relação
simbiótica com uma bactéria natural
Revolução agrícola
Um pesquisador da Universidade de Nottingham,
no Reino Unido, garante ter feito uma descoberta que poderá mudar a forma como
a humanidade cultiva seus alimentos.
Ele desenvolveu plantas que sintetizam o
nitrogênio diretamente do ar atmosférico, dispensando o uso de fertilizantes na
agricultura.
A adoção da agricultura é vista como um
divisor de águas na história da humanidade, quando o homem deixou para trás as
práticas de caça e coleta, modos de subsistência típicas dos demais animais.
A segunda revolução veio no início do século
passado, com o desenvolvimento do processo Haber-Bosch, que permitiu a
fabricação de fertilizantes sintéticos, impulsionando a agricultura e
permitindo que a humanidade passasse de 1,6 milhão de habitantes em 1900 para
os cerca de 7 bilhões atuais.
O problema é que, se os fertilizantes são bons
para as culturas humanas, eles estão longe de serem benignos para o meio
ambiente. A poluição causada pelo nitrogênio é uma das grandes preocupações dos
ambientalistas, incluindo os danos causados pelos nitratos, pela amônia e pelos
óxidos de nitrogênio.
Fixação do nitrogênio
Agora, o Dr. Edward Cocking garante ter
descoberto uma tecnologia que permite que todas as culturas de grãos do mundo
capturem o nitrogênio do ar, acabando com a dependência dos fertilizantes e
potencialmente iniciando uma terceira revolução agrícola.
A fixação do nitrogênio, o processo pelo qual
o nitrogênio é convertido em amônia, é vital para que as plantas sobrevivam e
cresçam.
No entanto, apenas um número muito pequeno de plantas,
a maioria leguminosas (como ervilha, feijão e lentilha) têm a capacidade de
fixar o nitrogênio a partir da atmosfera, com a ajuda de bactérias fixadoras de
nitrogênio.
A grande maioria das plantas precisa obter o
nitrogênio a partir do solo, o que significa que a as culturas comerciais em
todo o mundo dependem dos fertilizantes nitrogenados sintéticos - para isso, o
homem usa o processo Haber-Bosch para sintetizar a amônia e fabricar os
fertilizantes.
Sem modificação genética
Agora, o professor Cocking desenvolveu uma
técnica para inserir bactérias fixadoras de nitrogênio nas células das raízes
das plantas.
Seu ovo de Colombro ficou de pé quando ele
descobriu uma cepa específica de bactérias fixadoras de nitrogênio na
cana-de-açúcar capaz de colonizar intracelularmente todas as principais plantas
cultivadas comercialmente.
Em seus experimentos, ele verificou que a
fixação da bactéria nas raízes dá a praticamente todas as plantas a capacidade
de fixação do nitrogênio a partir do ar.
Segundo o pesquisador, a técnica não é nem
modificação genética e nem bioengenharia, já que usa tão somente uma bactéria
natural, que tem a capacidade de fixar o nitrogênio a partir do ar.
Inserida no interior das células das plantas
através da semente, a bactéria dá a cada célula a capacidade de fixar
nitrogênio diretamente da atmosfera.
Segundo Cocking, que batizou sua tecnologia de
N-Fix, as sementes da planta são revestidas com estas bactérias a fim de criar
uma relação simbiótica - mutuamente benéfica - e produzir nitrogênio
naturalmente.
Testes de campo
Tudo foi testado em laboratório, e pareceu
funcionar como esperado. Agora é só esperar os testes de campo.
A Universidade já licenciou a tecnologia para
a empresa Azotic Technologies, que vai tentar obter autorização para o uso do
N-Fix em vários países, incluindo o Brasil.
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