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O FILHOTE

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

PRAGAS FORA DO CONTROLE

10 pragas animais que saíram do controle

 A Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica considera uma espécie “invasora” quando ela está fora de seu habitat natural e acaba ameaçando outros ecossistemas. Mas, na maior parte dos casos, a culpa é do homem, que transporta animais de um lugar para o outro sem pensar muito nas consequências. O resultado disso é um crescimento anormal dos invasores. Sem um predador natural, a espécie exótica se multiplica e sai destruindo o que encontra pela frente.
Conheça 10 exemplos de infestações animais que saíram do controle.

Ratazana (Rattus sp)
A ratazana (ou rato-preto) é provavelmente o mamífero invasore mais bem sucedido do mundo. Originário do sudeste da Ásia, o bichinho se espalhou pelo mundo inteiro através dos tempos se escondendo em navios mercantes. Hoje em dia até aviões sofrem com a infestação do animal, que se adapta bem a qualquer ambiente: urbano ou rural.
Os ratos e ratazanas do gênero Rattus causaram e ainda causam a predação de aves, répteis e pequenos vertebrados e invertebrados, além de prejuízos à vegetação natural. Não vamos nos esquecer que eles também são vetores de inúmeras doenças, entre elas peste bubônica, leptospirose e tifo.


 Tilápia-do-nilo (Sarotheredon niloticus)
A tilápia-do-nilo é um peixe nativo do rio Nilo, no Egito, que pode chegar a 60cm de comprimento e pesar 4,3kg. Como característica única, o peixe tem listras por toda a nadadeira. Em 1933, foi a primeira vez que alguém teve a genial ideia de trazer a tilápia-do-nilo para o Brasil. Mais especificamente, para o nordeste. Nas décadas seguintes, outras pessoas também fizeram a mesma coisa em outras regiões do Brasil. Tudo isso para aumentar os lucros com a pesca.
O problema é que a tilápia-do-nilo se reproduz muito facilmente, se adapta a qualquer ambiente (inclusive em lugares com baixo oxigênio) e se alimenta de plantas e animais: ou seja, uma receita perfeita para um grande predador, com histórico de causar a extinção de outras espécies nos ambientes onde vivem. Hoje a espécie infesta diversos rios no Brasil inteiro. Também é um problema na Bélgica, Burundi, Camarões, China, Costa do Marfim, Indonésia, Madagascar, Austrália, Estados Unidos, Nicarágua e Japão.

Abelha-africana (Apis mellifera scutellata)
Nos anos 50, o Ministério da Agricultura brasileiro teve a ideia de importar algumas abelhas-africanas para estudar sua produtividade e compará-las com outras espécies. O problema é que durante o estudo ocorreu um acidente e 26 colmeias de abelhas-africanas, muito agressivas, foram liberadas no meio ambiente. Foi o bastante par a espécie se espalhar por todo o continente.
Não foram só as espécies nativas de abelhas que sofreram com a invasão. Pássaros, como tucano e arara, foram expulsos de seu habitat natural por conta das abelhas-africanas, que são muito difíceis de controlar. Além disso, a picada da abelha-africana pode ser fatal para pessoas e animais domésticos, dependendo do número de ferroadas.

Caramujo-gigante-africano (Achatina fulica)
Lá pelos anos 80, algum ser humano bem inteligentão pesou: nossa, ao invés do escargot, porque a gente não tenta comer esse caramujo-gigante-africano aqui no Brasil? Claro que o plano deu errado, porque além do fato de que essa espécie de caramujo não é lá muito apetitosa, o bicho também é vetor de duas doenças sérias para o sistema gástrico e nervoso. Quando os criadores se deram conta da ideia fraca, eles fizeram o grande favor de soltar os caramujos-gigante-africano no ambiente.
Acontece que esse molusco originário da Nigéria pode chegar a 20 cm de comprimento e pesar até 500g, é hermafrodita e realiza até cinco posturas de ovos por ano (cada postura gera 50 a 400 ovos). O bicho também é super-resistente ao frio e à seca, grande predador de plantas e competidor voraz de alimentos com outros animais. Se você precisava de um forma física para a palavra praga, o caramujo-gigante-africano é um excelente candidato ao título.
A infestação de caramujos dessa espécie não rolou só no Brasil. No estado da Flórida, nos Estados Unidos, eles tem uma infestação muito séria, que destrói áreas agrícolas e causa doenças. O governo chegou ao ponto de uma campanha para treinar cães labradores para caçar e matar os caramujos.

 Píton-burmesa (Python molurus)
Se temos algum motivo para comemorar é que pelo menos essa espécie invasora não chegou ao Brasil. Mas se você está pensando em viajar para os Estados Unidos, a Flórida é um lugar para se temer. Desde os anos 2000, o país tem problemas com essas cobras gigantescas, que foram importadas para lá como animais domésticos. O problema é que os criadores não tinham noção do tamanho que o réptil chega na idade adulta: até 6 metros de comprimento (a píton-burmesa, aliás, é uma das 5 maiores espécies de cobra do mundo). Entre 1999 e 2004, cerca de 144 mil pítons foram importadas para os Estados Unidos ainda filhotes. Quando os animais começaram a crescer, eles fugiram ou foram jogados no meio ambiente pelos donos.
Os cálculos de hoje em dia são assustadores. São 150 mil pítons vivendo na Flórida e destruindo todo o ecossistema. Elas não têm predador natural e comem praticamente qualquer bicho, de cães a jacarés, sem discriminação. Foi só em 2012, com o estrago já feito, que o governo dos Estados Unidos percebeu literalmente o tamanho do problema e proibiu a importação de pítons-burmesas. Estava na hora, né?

Estorninho-comum (Sturnus vulgaris)
O que acontece quando alguém resolve levar uma espécie de pássaro para casa para que o país tenha todas as aves mencionadas nas obras Shakespeare? Merda. Claro que ia dar merda. Em 1890, o estorninho-comum, espécie originária da Europa, foi disseminado em Nova Iorque como parte desse plano brilhante de ter nos Estados Unidos todos pássaros que o dramaturgo citava. Os animais se espalharam por todo país e hoje em dia causam prejuízos anuais de 800 milhões de dólares para a agricultura. Além de destruir lavouras, o passarinho também compete com espécies nativas e dissemina doenças em humanos.

Sapo-cururu ou sapo-boi (Rhinella sp.)
Não precisa mudar a letra da cantiga de roda: o sap0-cururu ou sapo-boi não invadiu o Brasil. Pelo contrário, ele é nativo da América do Sul, e convive bem com outras espécies, sem causar problemas. Mas os anfíbios foram introduzidos em outras regiões do mundo, tipo America do Norte, Austrália e Caribe, como uma forma de controle de pragas biológico.
Acontece que o sapo é enorme e voraz: chega a ter 15 centímetros de comprimento e pesa até 2 kg. Ele tem uma dieta bem ampla e sua pele é tóxica. Com isso, apesar de ter tido bastante sucesso no controle de pragas, ele se tornou a própria praga. Uma das armas do sapo é o veneno na pele, que mata o predador desavisado.

Coelho-europeu ou coelho-comum (Oryctolagus cuniculus)
O coelho-europeu é outro exemplo de espécie invasora que teve bastante sucesso no projeto de dominar o mundo. A espécie é originária da Península Ibérica, e nos seus países nativos é considerada vulnerável, nas classificação de risco de extinção. Enquanto isso, no resto do mundo, o coelho-comum causa problemas sérios ao meio ambiente. Um dos motivos é óbvio: eles se reproduzem com muita rapidez. Quanto mais coelho existe, de mais comida eles precisam. Como eles basicamente comem plantas, ter um número exagerado de coelhos no seu quintal significa expor o seu solo à erosão. Além disso, eles competem por alimentos com outros bichos, levando espécies nativas a extinção.
A infestação de coelhos é um problema no Brasil, mas quem mais sofre com a presença desse animais são Austrália e Nova Zelândia, países isolados com uma fauna diferenciada e exclusiva – como o bilby e o kiwi. Por lá, a taxa de crescimento dos coelhos é insana, tanto, que eles até criaram um vírus para tentar conter o número de animais: o tiro saiu pela culatra, porque a seleção natural fez com que nascessem mais coelhos resistentes ao tal vírus.
A principal forma de controle da invasão é a caça e o abate dos coelhinhos. :(

Javali (Sus scrofa)
Os javalis são animais nativos da Europa, América do Norte e Norte da África. Na Europa, eles foram praticamente extintos em alguns países, devido à caça e a ocupação humana de seu habitat natural. Já na América do Sul, a introdução dessa espécie traz problemas graves.
O bicho já tinha sido trazido para o Brasil algumas vezes no século XIX, mais especificamente para o Pantanal. Mas a situação só fugiu mesmo de controle nos anos 70, quando o javali foi trazido para criações da Argentina e Uruguai e acabaram fugindo para o Rio Grande do Sul, onde passaram a crescer exponencialmente por todo o sul do país. Hoje, já existem javalis até em São Paulo e Bahia.
O javali não tem nenhum predador natural, é vetor de doenças, destrói plantações e o solo, e ainda come galinhas, patos e cordeiros. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, em Santa Catarina, vários produtores desistiram de plantar milho, já que a fome do javali impossibilita a colheita.
Para completar o caos, o javali procria com os porcos domésticos criando uma nova espécie de potencial destrutivo imenso: o javaporco. A praga é tão grande que o IBAMA permite a caça e o abate dos javalis, e em contrapartida incentiva a criação de uma espécie nativa chamada queixada.

 Formiga Argentina
A formiga argentina dominou o mundo. Sério mesmo, a espécie tem um alto nível de organização comunitária e povoa extensões geográfica tão amplas quanto os humanos. Em 2000, cientistas descobriram uma supercolônia de formigas argentinas, que se estendida por 6 mil quilômetros na Europa, de Portugal à Grécia. Mais tarde, também foram encontradas supercolônias nos Estados Unidos e no Japão.
Os bichinhos, que são originários da Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil, se espalharam pelo mundo lá pelo século 19, através de navios. A formação dessas supercolônias internacionais, que compartilham material genético entre si, é algo incomum já que normalmente os formigueiros travam disputas entre si.
Além de infernizar a vida doméstica, as hermanas já dizimaram populações de uma espécie lagarto que costumavam se alimentar de outras formigas, que perderam a disputa de território. Também são resistentes a inseticidas comuns, já que seus formigueiros sempre tem mais de uma rainha para colocar ovos.

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