ENSINO SUPERIOR
Estudo
aponta 12 tendências tecnológicas para universidades brasileiras
Recursos devem chegar ao
ensino superior em até cinco anos, caso de apps móveis e realidade aumentada.
Mapeamento é assinado por 41 especialistas.
Tecnologia nas universidades: aplicativos móveis passarão a
ser usados nas aulas em pelo um ano, aponta estudo.
TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS PARA AS
UNIVERSIDADES BRASILEIRAS
Prazo de adoção: até 1 ano
·
Sala de aula invertida
·
Games aliados ao
ensino
·
Uso de aplicativos
móveis
·
Aprendizado on-line
Prazo de adoção: até 3 anos
·
Análise de
aprendizagem individual
·
Aprendizado móvel
·
Produção de conteúdo
aberto
·
Uso de laboratórios
remotos e virtuais
Prazo de adoção: até 5 anos
·
Realidade aumentada
·
Internet das coisas
·
Geolocalização
·
Assistentes virtuais
Estudo
divulgado nesta quinta-feira pelo grupo americano New Media Consortium aponta
que nos próximos cinco anos as universidades brasileiras estarão mais inseridas
no mundo digital, com aulas em laboratórios remotos, uso de assistentes virtuais
e aplicativos móveis aliados ao aprendizado. As conclusões do documento,
divulgado com exclusividade por VEJA.com, são assinadas por um grupo de 41
pesquisadores que, pela primeira vez, analisou as tendências tecnológicas que
despontam no cenário nacional. "O Brasil tem uma peculiaridade: sua
população tem grande apreço pela tecnologia, mas ainda não a insere em
atividades educativas", explica Larry Johnson, pesquisador responsável
pelo estudo.
Ainda
assim, afirma Johnson, há iniciativas que estão dando resultado e que apontam
para mudanças no curto prazo. "Nas melhores universidades do país já há um
movimento para mudar o padrão de aula, saindo das atividades expositivas e
caminhando para a prática, onde o aluno também é protagonista", diz.
"No entanto, ainda há muito que avançar, porque não estamos falando apenas
de aparelhos, mas sim de práticas de ensino, como a sala de aula
invertida." Nesse modelo, o estudante faz leituras, exercícios e assiste a
vídeos em casa e utiliza o tempo na universidade para tirar dúvidas e debater
com o professor.
Para o
pesquisador, contudo, tendências como essa esbarra na cultura cultivada pelas
universidades. "O professor, mesmo no ensino superior, ainda acha que o
smartphone atrapalha o andamento da aula e proíbe seu uso, enquanto a
experiência internacional tem relatado sucesso no uso desses aplicativos móveis
para fazer atividades do curso, como pesquisas na internet." Esse
contexto, diz Johnson, faz com que as mudanças apareçam em poucas
universidades, que nos próximos anos serão referência para outras. "Tanto
o aluno quanto o professor brasileiro ainda não estão preparados para trabalhar
com a tecnologia, mas já é possível ver experiências que podem servir de
referência para os demais."
Servir de referência é exatamente o objetivo do relatório,
que vem sendo produzido há mais de dez anos. Em janeiro, o grupo divulgou o
relatório das
tendências mundiais com análise de 43 países, que, ao
contrário do Brasil, acenam para o uso mais intenso de impressoras 3D e de
monitoramento de dados dos alunos como estratégia de ensino. "Alguns
docentes com que conversamos no Brasil ainda não sabem o que são esses recursos
e não tem ideia de como usá-los nas aulas. Por isso, pensamos que no Brasil o
avanço se derá primeiro com aplicativos móveis e mudanças na didática do
professor", diz. Mudanças que, segundo o pesquisador, são inevitáveis. "A
universidade precisa se adequar ao avanço tecnológico, porque é ela quem forma
os profissionais que vão atuar no mercado daqui a alguns anos. Se ela não
protagonizar essa mudança, corre o risco de passar ensinamentos
obsoletos."
Além do
desafio imposto pela cultura universitária que ainda prioriza aulas
expositivas, há, segundo o relatório, o desafio da infraestrutura e , da
expansão do acesso. "Acreditamos que isso seja um ponto que será
solucionado com facilidade no Brasil, já que hoje quase todo o país é conectado.
Ainda assim, é necessário pensar em políticas públicas que viabilizem o uso de
internet principalmente aos estudantes de baixa renda. Sem isso, não há
avanço", conclui o especialista. O estudo do NMC em parceria com a Saraiva
vai ainda acompanhar a inserção das tecnologias nas universidades pelos
próximos três anos e a ideia é que, ao final desse processo, seja possível
identificar os avanços que contribuíram para o ensino.