ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA QUALIFICADA VAI ESTAGNAR ECONOMIA MUNDIAL EM 20 ANOS, DIZ ESTUDO
Levantamento do Instituto Global McKinsey analisou 70 países e concluiu que a ausência de trabalhadores capacitados pode levar a uma guerra mundial por talentos
Nos últimos 30 anos, 1,7 bilhão de pessoas ingressaram no mercado de trabalho global – a maioria nos setores industrial e de serviços. Enquanto esses avanços contribuíram para a redução da miséria de milhões de famílias em países em desenvolvimento, nas nações ricas eles possibilitaram maiores investimentos em tecnologia e inovação – elementos responsáveis pelo aumento dos níveis de produtividade e redução dos custos de produção.Hoje, somos 2,9 bilhões de trabalhadores. Até 2030, seremos 3,5 bilhões. Mas as estimativas não são otimistas. Não pela falta de empregos, mas pela carência de trabalhadores aptos a assumir esses cargos. É o que diz o estudo The world at work: Jobs, pay, and skills for 3.5 billion people (“O mundo do trabalho: empregos, salários e habilidades para 3,5 bilhões de pessoas”), divulgado nesta quinta-feira (14-06) pelo Instituto Global McKinsey. Ao analisar 70 países que, juntos, representam 96% do PIB e 87% da população mundiais, o estudo revelou que a falta de profissionais altamente qualificados, com Ensino Superior e especializações, provocará uma guerra mundial por talentos – serão 40 milhões de profissionais a menos do que o necessário.
Países da África subsaariana e sul asiático não vão encontrar os 45 milhões de trabalhadores de qualificação média (o equivalente ao Ensino Médio completo) de que seu processo de industrialização precisa para continuar crescendo. Por outro lado, cerca de 95 milhões de indivíduos com baixa qualificação profissional (Ensino Fundamental) ficarão desempregados por não estarem a altura dos cargos disponíveis. “O desenvolvimento da economia mundial exigirá uma mão de obra mais qualificada porque a produção também se sofistica”, afirma William Eid Jr., economista da Faculdade Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, os investimentos em capital humano terão de ser cada vez mais intensificados. “Os funcionários devem estar preparados para se adaptar a novas tecnologias e se reinventar a todo momento”.
Países desenvolvidos
Haverá falta de 18 milhões de trabalhadores altamente instruídos. A tendência é que as altas taxas de desemprego persistam. Jovens sem boa qualificação profissional não vão conseguir ingressar no mercado de trabalho e funcionários mais velhos não apresentarão as exigências para os novos cargos que surgirão. A crescente polarização entre os salários altos e baixos implicará em uma desaceleração nos níveis de qualidade de vida desses países, com aumento dos encargos do governo e tensões sociais.
Para evitar que as previsões se concretizem, as nações ricas devem dobrar o ingresso de alunos no Ensino Superior e aumentar as graduações em áreas como Ciências e Engenharia, além de facilitar a imigração de trabalhadores altamente qualificados de outras partes do mundo.
Países
Brasil
China: Apesar dos avanços significativos que o país continuará apresentando em educação, deve haver uma falta de 23 milhões de trabalhadores altamente qualificados no país. Isso pode causar uma desaceleração no desenvolvimento de uma indústria de bens de valor agregado e no aumento dos níveis de produtividade. Cerca de 20 milhões de indivíduos pouco qualificados devem ficar desempregados. Por outro lado, haverá um relativo equilíbrio entre oferta e demanda por trabalhadores com Ensino Médio completo.
Índia: O estudo estima que haverá mais trabalhadores altamente qualificados do que os que o país poderá empregar. Isso porque os avanços em educação superior estão crescendo mais rápido do que os econômicos. Contudo, deve haver falta de trabalhadores de formação mediana, cerca de 13 milhões, que seriam empregados nos setores manufatureiros, de comércio e serviços. A escassez desses trabalhadores já acontece hoje e se reflete no rápido crescimento de pessoas com instrução relativamente alta trabalhando na construção civil e mineração.
O que o governo deve fazer?
- Melhorar o ambiente de negócios, por meio de medidas como a redução da burocracia, dos custos e tempo para abrir e fechar empresa e de taxas de navegação. Pra se ter uma ideia, no Brasil uma empresa demora, em média, 119 dias para ser aberta. Na Malásia, o período costuma ser de apenas seis dias.
-Investir em inovação para reduzir os custos de produção e elevar níveis de produtividade.
-Facilitar a execução de projetos envolvendo a construção civil que, além de modernizar o país, emprega pessoas com instrução profissional mais baixa. Na última década, 24% da população chinesa e indiana estava empregada no setor. O estudo estima que, se a Índia acelerar os investimentos em construção civil, 3,6 milhões de empregos serão gerados ao ano.
Como as empresas podem ajudar?
Investir diretamente
A
Apostar nos funcionários mais velhos
Empresas podem se adaptar aos trabalhadores antigos para não perder sua experiência e conhecimento adquiridos durante os anos de serviço. No Japão, a Toyota possui um programa que recontrata cerca da metade dos funcionários aposentados, que passam a ter maior flexibilidade de horário e tarefas.
Investir na produtividade e capacitação dos funcionários
Cursos e atividades dentro das empresas aprimoram a capacidade intelectual dos funcionários e melhoram seu desempenho produtivo
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