Prezados: pensar e discutir a preservação ambiental sem levar em conta o ser humano em sua integralidade é inócuo. Não se deve pensar num planeta sem pessoas, sem gente.
Sim, alguns que se dizem preservacionistas colocam o ser humano como um exterminador do futuro. Concordo que nós humanos, precisamos de mais ações ambientalmente corretas, mas é pura bobagem decretar o fim do mundo pela espécie humana. Ao contrário disso, nossa espécie é a única dentre os vivos neste planeta que pode e deve usar a racionalidade justamente em prol de ações práticas que visem o uso sustentável dos recursos naturais para que o planeta tenha condições de suportar todos os tipos de vida, inclusive a vida humana. Percebo que usar os recursos do planeta de forma sustentável tem sido pauta de debates entre as diversas Instituições mundo afora.
A Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) participou da “Rio+20″ e entregou ao governo brasileiro e aos chefes de estado presentes à conferência, propostas, em escala mundial, de ações sustentáveis. Todas as propostas da CNA teve o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Destaco a parte inicial do documento: "meio ambiente é ciência e compromisso - e não ideologia"... Abaixo o texto.
Por: Neemias Alvarenga.
PROPOSTAS DA CNA PARA OS CHEFES DE ESTADO E PARA A CONFERÊNCIA “RIO + 20″
Dentro do princípio de que meio ambiente é ciência e compromisso - e não ideologia -, a Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA) traz a esta Conferência as propostas a seguir relacionadas, no intuito de contribuir para a riqueza e objetividade do presente debate.
O setor rural — que tem na natureza sua fonte de sustento e conhecimento - vem respondendo com rapidez e eficiência às demandas contemporâneas por desenvolvimento sustentável.
Por isso, a partir do Documento de Posição do Setor Agropecuário, hoje divulgado, sente-se no dever de encaminhar ao exame dos Chefes de Estado, que conferem dimensão histórica a esta “Rio + 20″, a presente contribuição.
1. AMAZÔNIA
Só a tecnologia pode garantir o desmatamento zero na Amazônia. Grande parte do que até aqui ocorreu na região decorre da precariedade de meios que ainda predomina. Com baixa rentabilidade do sistema produtivo, que impede a aquisição de tecnologia, esse quadro tende a se perpetuar, mantendo tensão constante entre produção e floresta. A situação afeta, sobretudo, os pequenos e médios produtores rurais.
2. SERVIÇOS AMBIENTAIS
O passivo ambiental é fruto do descaso e despreparo das gerações que nos precederam e nos legaram os desafios presentes. Não é justo que esta geração arque sozinha com uma conta histórica, impagável de uma só vez. Portanto, os governos precisam encontrar mecanismos de atenuar os custos presentes, diluindo-os no tempo.
Os países ricos foram beneficiários do desenvolvimento sem as regras e amarras que hoje pesam sobre os países de desenvolvimento tardio. É justo que contribuam pelos benefícios ambientais que recebem gratuitamente desses países.
3. REDUÇÃO DE EMISSÕES
A CNA está lançando uma ferramenta eletrônica para dar suporte ao processo de remuneração do produtor rural pela redução de emissões de carbono e gases de efeito estufa. Trata-se da organização do Mercado Agropecuário de Redução de Emissões (MARE), contribuição valiosa para a defesa do meio ambiente. Propicia justa remuneração aos que o preservam e um mecanismo de compensação para aqueles que não podem, no curto prazo, reduzir suas emissões.
4. APP GLOBAL
A CNA, Embrapa e a Agência Nacional de Águas (ANA) lançaram proposta de universalizar o princípio da Área de Proteção Permanente (APP) nas nascentes, margens de rios e áreas de recarga de aquíferos subterrâneos, como forma de proteger a integridade dos cursos d’água. No Brasil, APP é lei. Sendo um conceito universal, benéfico aos rios de todo o planeta, deve ser estudado e aplicado conforme as peculiaridades de cada país.
5. FUNDOS PARA TERRA DEGRADADA
Nenhum produtor é inimigo de sua própria terra. Degradação é fruto da pobreza. É a tecnologia que gera a prosperidade. Daí a necessidade de integrar ecologia à economia, sem transformar a defesa ambiental num tribunal. A prioridade não pode ser punir, mas instruir e viabilizar a recomposição, por meio de pesquisa, financiamento e incentivos ao uso de tecnologia.
6. EXTENSÃO RURAL
Os insumos tecnológicos agropecuários precisam ser democraticamente disseminados. Essa é a grande revolução agrícola que a humanidade carece: a distribuição do conhecimento, fonte maior da prosperidade e justiça social.
7. ASSIMETRIAS
É preciso reduzir as assimetrias de regulamentação ambiental entre as nações, sem ferir o princípio da soberania. Para isso, fazem-se necessárias conferências internacionais como esta, com efetivo apoio dos governos.
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