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O FILHOTE

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

GERAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA GANHA TERRENO NO BRASIL

Geradoras eólicas já são a quarta principal fonte de energia no país. Custo mais barato e facilidades de instalação surgem como atrativos.
A energia eólica está deixando de ser um mero complemento na matriz energética brasileira. Considerando o número de geradoras existentes, as instalações em construção e os projetos apresentados, os ventos brasileiros devem ser responsáveis pela geração de 18 mil megawatts (MW) em 2018, ou 8% de toda a energia produzida no país. O crescimento rendeu o salto da oitava posição para a quarta entre as principais fontes de energia do país.
OBSTÁCULO
Falta de linhas de transmissão compromete operação
A energia eólica no Brasil tem hoje 140 parques geradores de energia, mas 40 deles não podem operar por falta da conexão entre a usina e a rede elétrica. O problema, que acomete especialmente os projetos da Bahia e Rio Grande do Norte, se dá principalmente pela falta de licenças ambientais para que as linhas sejam construídas, além da complexidade de engenharia para construir as linhas.
As usinas paradas correspondem a 1,2 mil MW – um terço do total de eólicas no Brasil. Segundo a Abeeólica, essa energia seria suficiente para iluminar mais de 2 milhões de residências.
“Foi um erro dos leilões de 2012, que não previam as redes para a liberação das usinas. De 2013 em diante, os novos projetos já passaram a englobar as linhas de transmissão, então este problema não se repetirá”, afirma a diretora-presidente da Abeeólica, Elbia Melo. A executiva explica que, até o final de 2014, todas as linhas estarão legalizadas e em operação.
O aumento da popularidade fica evidente no leilão A-3 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que ocorreu ontem. Dos 268 empreendimentos que estavam no processo, 248 eram de eólicas. No leilão, só foram negociados projetos eólicos e a expansão da usina hidrelétrica de Santo Antônio – foram comercializados 80,645 milhões de megawatts-hora (MWh), com um valor contratado total de R$ 10,175 bilhões. Os empreendimentos passarão a oferecer energia em 2017.
Em termos de potência, as geradoras eólicas representam a soma do que será produzido pelas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. Quanto ao investimento destes projetos, o valor, de R$ 27 bilhões em eólicas, é parecido com o gasto na polêmica Belo Monte. “É importante uma diversificação na nossa matriz. Hoje vemos que este processo poderia ser ainda mais plural”, afirma o diretor do mestrado em Geração Energética da UnB, Caetano Salino.
O crescimento na participação é um fenômeno recente. De acordo com a diretora-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, este tipo de geração só expandiu sua participação no mercado brasileiro depois que se tornou competitiva no mercado. “Agora as eólicas geram uma energia barata, com entrada no mercado”, explica a executiva. O preço médio, hoje, é de R$ 125 por MWh – em 2010, o valor ultrapassava os R$ 180 MWh no Brasil.
Participação
Ainda que a participação seja discreta em comparação com a fonte hidrelétrica, responsável por quase dois terços de toda a geração brasileira, os resultados dos leilões de 2013 comprovam o ganho de terreno das eólicas. Dos 7,6 mil MW leiloados, 60% foram de projetos eólicos. Além do custo da energia, as instalações são mais rápidas e baratas do que as principais concorrentes. “É incomparável com um empreendimento hidrelétrico, por exemplo, que demora muitos anos para ser autorizado e construído”, afirma o especialista em fontes energéticas renováveis Anderson Taca.
País tem a terceira menor tarifa do mundo
Mesmo descobrindo os benefícios tardiamente, o Brasil conta hoje com a terceira tarifa de energia eólica mais barata em todo o mundo. O país só perde para Índia e China, de acordo com estudo do Conselho Mundial de Energia.
Segundo o levantamento, o custo nivelado da energia eólica brasileira varia de US$ 55 a US$ 99 por megawatt-hora. O índice mede o valor presente do preço da energia ao longo do ciclo de operação do parque. A Índia, primeira colocada, tem custos entre US$ 47 e US$ 113 por megawatt-hora. Na China, o valor fica entre US$ 49 e US$ 93.
“As condições de vento do Nordeste e extremo Sul do Brasil são as melhores do mundo. Só são comparáveis a regiões da Somália e Etiópia, onde não existe nenhum investimento nesta área”, afirma a diretora-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo. Nestas áreas, os ventos são ideais para a geração de energia: são fortes, constantes e unidirecionais.
O relatório do Conselho Mundial de Energia confirma isso. As eólicas brasileiras operam numa variação de produtividade de 23% a 45%, enquanto na Índia esta variação fica entre 15% e 33% e na China é de 19% e 35%.
Produção local
No Paraná, as condições para o melhor desempenho da geração de energia pelos ventos ainda estão sendo testadas. O estado conta com um projeto-teste no Tecpar e uma unidade da Copel em Palmas, que produz 1,5 MW.
A companhia de energia anunciou nesta semana a aquisição de 49% do complexo de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. O parque vai operar em 2015 com uma geração total de 108 MW.
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