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O FILHOTE

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Mangue no Espírito Santo, Brasil

MANGUE: PARTE 1

A vida deles é o mangue: família é retrato de quem vive da cata do caranguejo


Habitat é a casa original das espécies, o lugar onde elas sobrevivem, se reproduzem e sofrem menos ameaças dos predadores. A expressão é famosa entre biólogos e especialistas em vida selvagem, que a usam para descrever a moradia dos animais que estudam. O dizer ganha ainda mais força quando utilizado por um ser humano para relatar a própria vida: Amélia Maria de Oliveira, de 45 anos, mora em Vila Cajueiro, Cariacica, e há 23 anos vive da pesca. O mangue, segundo ela, é o sentido de sua existência.

Ao falar da pesca, de onde tira o sustento da família, Amélia relata dificuldades. Diz que o caranguejo está pequeno e que continuar na atividade é muito difícil. Mas mudar de ramo nunca foi uma alternativa. "Não me imagino fazendo nada, não estudei, só penso em catar caranguejos".

A prática é de família. Foi com dona Diomar e seu Fortunato de Oliveira, seus pais, que Amélia aprendeu a pescar. Quando a família se mudou para Vila Cajueiro e ela engravidou, a atividade que era desempenhada "só de vez em quando" virou modo de vida.

A situação se agravou no momento em que ficou viúva e com dois filhos para criar. "Foi quando abracei o mangue de vez. Precisava de ajudar nas despesas em casa e não tinha outra alternativa". Mas, antes de entrar de cabeça no ramo, um último passo foi dado.

O casamento com José Aleixo, segundo marido com quem vive há 20 anos. "Depois que me casei com um catador, aí que a coisa desandou de vez", explica, rindo. Os dois filhos do primeiro casamento hoje têm trabalho formal, mas já pescaram também.
O amor pela profissão está implícito na forma como ela descreve a atividade. Mas a catadora não deixa de lamentar as atuais condições de trabalho. "Eu e meu marido ficamos dois dias para pegar quatro quilos e meio de sururu, para vender a R$ 12 o quilo. O caranguejo mesmo é muito difícil achar aqui. Se você pega cinco dúzias, uma e meia você precisa soltar, porque ninguém paga por caranguejo pequeno", reclama.

Em geral, para ser comercializado, o caranguejo deve ter uma carapaça de pelo menos 5 centímetros. Para chegar a esse tamanho, demora-se seis anos, em média. Atualmente, segundo comerciantes, de cada 100 caranguejos vendidos, 70 têm esse tamanho.

Dificuldades como essas obrigaram o casal a fazer uma mudança na forma de trabalho. Eles procuram pescar em épocas festivas, como a Semana Santa que acabou de passar. Outra forma é esperar as encomendas. "O forte da minha pesca é o caranguejo. Já para vender em casa o marisco é melhor", explica  Amélia.

Batalha
Como não possui outra ocupação, Amélia Maria e José Aleixo recebem do Ministério da Pesca uma ajuda de dois salários mínimos no período do defeso, quando é proibido catar caranguejos. Eles foram cadastrados no órgão por meio da Associação dos Pescadores Artesanais de Nova Rosa da Penha (Ascapenha).

A entidade representa 65 famílias de catadores que fazem parte da associação. Além de realizar o cadastro dos filiados no Ministério, uma série de orientações são oferecidas sobre a forma correta de realizar a cata. "Explicamos que não pode pegar fêmea nem caranguejos pequenos. Participo de reuniões no Brasil inteiro e passo o conhecimento para eles", conta o presidente da entidade, Deraldo Jesus da Silva, 41 anos.

Uma das principais lutas de Deraldo é pela liberação dos barcos que foram doados para os catadores, mas que ainda estão lacrados em um galpão da Prefeitura de Cariacica.

Os catadores de caranguejo de Vila Cajueiro receberam as embarcações em dezembro do ano passado, quando foi lançado o Programa Maré Viva, da Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca. O projeto tem como objetivo melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos catadores.

Contudo a liberação exige que os catadores estejam capacitados, o que ainda não foi realizado. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a capacitação para a utilização desses barcos, incluindo pilotagem e manutenção, está em andamento junto da Capitania dos Portos e da Prefeitura de Cariacica.

O Incaper reforça que, para que esse treinamento aconteça, é necessário que a associação escolha pessoas para receberem as orientações, e o nome delas seja enviado ao instituto em menos de 10 dias. Enquanto a liberação não sai, Amélia segue se virando com o sururu e com os caranguejos pequenos. "Tomara que isso se resolva logo", espera.

Fonte:


MANGUE: PARTE 2

Mangues repovoados com caranguejos

O crustáceo, apreciado por muitos capixabas, está menor e mais caro.


A escassez de caranguejo tem sido um fardo não apenas na vida daqueles que apreciam a iguaria, mas, principalmente, para os que sobrevivem da cata e da venda do crustáceo. Apreciado por grande parte dos capixabas, ele está menor e mais caro.

Além da ação desenfreada dos catadores e da destruição ambiental, especialistas apontam como causa a Doença do Caranguejo Letárgico (DLC), que atingiu os mangues entre setembro de 2005 e o final de 2007.

A fim de reverter esse quadro, o professor de Oceanografia da Universidade Federal do Espírito Santo Fernando Loureiro Fernandes desenvolve um projeto, com o apoio da Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV), para repovoar os manguezais capixabas com caranguejos.

O projeto vem sendo desenvolvido há aproximadamente dois anos e está em fase experimental. "Precisamos fazer ainda alguns ajustes, definindo melhor o tipo de alimentação e analisando a qualidade da água. No ano passado, começamos a definir alguns protocolos de manutenção das larvas do caranguejo", explicou ele.

De acordo com o professor, o processo consiste em retirar do mangue e levar para o laboratório as fêmeas ovadas. Após a desova, as larvas ficam de 30 a 45 dias dentro de um tanque com água, até começar a metamorfose para a fase de megalopa - quando estão prontas para retornar aos estuários.


"Nessa fase, há temos duas opções: devolvê-los ao manguezal ou aguardar mais um período no laboratório, até formarem-se os primeiros caranguejinhos. Trabalhamos com as duas alternativas, para saber qual vai proporcionar um resultado mais efetivo", explica o professor.

Ele observa, no entanto, que esse é o projeto de longo prazo, uma vez que o caranguejo leva de cinco a seis anos para atingir o tamanho grande, adequado para ser comercializado.

"Durante esse período, poderemos acompanhar e descobrir se a Doença do Caranguejo Letárgico também afeta os espécimes mais jovens. Nossa proposta é preservar essas regiões e manter o catador em atividade, e não gerar uma alternativa de renda para ele, em função da escassez de caranguejo", diz Fernandes.

"Se ninguém fizer nada, eles vão acabar"
Para os irmãos Evandro e Ivanildo de Oliveira Reis, que dependem do caranguejo para sobreviver, a situação está muito difícil. Os dois vendem o crustáceo na Vila Rubim, mas é Ivanildo quem costuma catá-los na Ilha das Caieiras. "O caranguejo está escasso. Normalmente, eu tirava umas 50 dúzias por semana. Agora varia de 20 a 25", comenta. Ele acrescenta que a causa do problema é a poluição. "As pessoas jogam muito lixo nos mangues, até tubo de televisão eu já encontrei. Se ninguém fizer nada, os caranguejos vão acabar", alerta.

"O preço do produto quase dobrou. Comprava todo final de semana, agora só a cada dois meses. Dos sete vendedores da Vila Rubim, agora só restam dois"
Joderli Oliveira
marceneiro

"Em Cariacica não se encontra mais. Estão destruindo os manguezais. Daqui a alguns dias, não vamos mais degustar no final de semana, com uma cervejinha"
Simone Brandão
instrutora

Fonte:

 

MANGUE: PARTE 3

Dois tipos de caranguejo predominam no Estado

Além da pouca diversidade, um deles está em extinção.



No Espírito Santo dois tipos de caranguejo predominam. O Uça e o Guaiamum. Mesmo com os programas de proteção ambiental e repovoamento, o Guaiamum corre risco de extinção. Veja algumas características sobre eles abaixo:

O caranguejo-uçá é uma das espécies mais encontradas nos manguezais capixabas. Ele tem como características patas carnudas, peludas e arroxeadas. Assim como os demais caranguejos, possui cinco pares de patas articuladas, sendo o primeiro bem desenvolvido e terminado em pinças que o auxiliam na alimentação, defesa e atração da fêmea. O crustáceo vive em tocas cavadas em meio ao lamaçal dos mangues. Durante a maré alta, o uçá permanece na toca. Quando baixa, ele sai em busca de alimento. Na reprodução, os uçás, saem de suas tocas para a cópula. Menos ariscos que o usual, os caranguejos caminham vagarosamente e se tornam bastante vulneráveis.
O guaiamum  é um dos caranguejos encontrados nos mangues do Estado, principalmente em áreas entre o mangue lamacento e o início da mata. Crustáceos grandes, essa espécie tem carapaça azul, com aproximadamente dez ou mais centímetros e quelas desiguais. Uma é grande e a outra menor, o que facilita levar os alimentos à boca. Na fêmea as quelas são de tamanhos iguais. Durante a desova a fêmea muda a cor do casco e patas para creme ou amarelo. O macho que é maior, tem a coloração do casco  azul.

Fonte:








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