SUPERANDO DESAFIOS: SABERES ANTIGOS E ATUAIS.
Breve histórico:
Rápidas
mudanças ocorrem hoje no planeta na esfera social, econômica, cultural,
tecnológica e política. Em épocas remotas da história humana no planeta, a
humanidade também se utilizou de maneiras diversas para produzir conhecimentos,
mas pelo que se pode perceber, numa velocidade menor do que hoje. É sabido que
nossos ancestrais, com o objetivo de diversificar sua dieta alimentar,
domesticaram animais selvagens e praticaram a agricultura de subsistência,
produzindo os conceitos iniciais da ecologia e agricultura. Muitas culturas humanas explicavam a origem
do ser humano a partir de lendas, rituais e histórias elaboradas pelos pais,
repassados aos filhos.
Vencer
os desafios de um mundo até então desconhecido foi o primeiro passo no sentido
de garantir o estabelecimento do ser humano no planeta e com isso produzir conhecimentos
ligados diretamente à rotina do homo
sapiens. Entendo então, que o termo ‘sociedade da informação e conhecimento’,
amplamente divulgado em nossos dias, não deveria ser rotulado como resultado
apenas da época atual, pois em cada época, desde a pré-história, o ser humano,
na busca por compreender a natureza que o cercava e para satisfazer suas
necessidades básicas de sobrevivência individuais e/ou em grupo, produziu
conhecimentos a partir das informações decodificadas num determinado contexto
histórico, utilizando-se de muita criatividade para superar ausência de
recursos tecnológicos sofisticados.
Hoje,
com as possibilidades tecnológicas aliado ao acúmulo dos conhecimentos
produzidos, vivemos um período de rápidas transformações quando comparados à
civilização ancestral. Admiro várias civilizações antigas que não tendo acesso
as facilidades tecnológicas atuais, conseguiram produzir a base de vários
conhecimentos científicos que norteiam segmentos da moderna ciência até os dias
de hoje. Por isso, discorrer sobre as mudanças na educação quer seja a partir
do currículo e/ou metodologias no ensino-aprendizagem, quer seja para analisar
os fazeres e saberes num determinado espaço e tempo requer um importante
retorno ao passado, não para desqualificação do que ocorreu, mas para
entendimento de que em cada época, há um contexto social inserido que pode
nortear o desenvolvimento de determinados padrões culturais, educacionais e até
espirituais.
A
produção de novas tecnologias parece estar ligada ao interesse de dominância no
âmbito político de grupos, de facções, de países, a partir do emprego de
conhecimentos produzidos e adquiridos a partir de ferramentas que estão ou
estarão à disposição das pessoas hoje ou no futuro. Somos constituídos de
natureza humana que tende a satisfação de interesses pessoais ou de grupos cada
vez mais imediata. De tudo que se sabe sobre nossa espécie, pode-se afirmar que
por mais que procuremos pregar democracia e igualdade de condições ao
conhecimento para todos os habitantes do planeta, aumentando o acesso aos
diversos meios de comunicação, modificando currículos, mudando práticas de
ensino-aprendizagem, produzindo novas metodologias educacionais, mesmo assim, o
ser humano continuará a usar estratégias de subjulgamento em benefício próprio
e / ou de um grupo dominante do qual ele fizer parte.
Um pouco sobre as tecnologias:
Com
o advento das atuais tecnologias, convencionou-se classificar o período
educacional, pelo menos no Brasil como Educação Tradicional, aquela voltada na
centralização de um ser que tudo sabe, vê e entende (o professor) e a Educação
Atual ou Contemporânea, aquela que tem como importante instrumento de trabalho
entre outras, a Internet e em que o professor deve atuar, entre outras
atribuições, como mediador de conhecimento. Essa segunda forma de educação tem
sido amplamente divulgada como sendo a ‘Era da Cultura Digital’ quando se apóia
de forma intensa no uso dos aparatos tecnológicos. Dentro desse novo contexto,
espera-se que haja compartilhamento do saber, em detrimento ao ensino
minoritário que era acessível apenas a poucas camadas sociais no passado.
Muitos estudiosos atuais, inclusive usam o termo ‘Revolução da Informação’ para
designar o momento atual que vivemos hoje no contexto educacional e cultural.
A escola
institucionalizada formal pública, ou em outras palavras, as Instituições de
Ensino Brasileiras, deveria também estar acompanhando o desenvolvimento que tem
levado a esta dita revolução. Para isso seriam necessárias mudanças que
pudessem levar as produções curriculares e metodológicas menos rígidas,
levando-se a produção de um saber que não restringisse o aprendiz. A restrição
pode ocorrer, por exemplo, quando as novas tecnologias não estimulam o
indivíduo a pensar, ter independência e autonomia. Por isso, é de crucial
importância qualquer Instituição de Ensino estar provida com bom referencial
curricular (fato que será tratado adiante) e educadores que atuem como agentes
de transformação social.
A
escola se constitui por pessoas, e obviamente essas pessoas devem estar em
constante aprimoramento, discussão, construções, desconstruções, permissivas às
mudanças, atentas a novas tecnologias, a fim de terem o máximo de referências
para intervir de forma concreta no mundo real, e assim, ajudar na construção de
uma humanidade que discuta temas de interesse local e global, tais como a
‘sustentabilidade’, a ‘virtualidade’, a interação entre as diversas disciplinas
curriculares, aquecimento global, exploração dos recursos naturais, violência,
drogas, distribuição econômica e social desproporcional, analfabetismo,
discriminação, entre outros.
A
escola deve estar preparada para ajudar na oferta de um saber que possa atingir
todos os segmentos sociais. Embora o
capitalismo e a globalização possam oferecer algumas desvantagens tais como ‘a
produção de homogeneização e perca de particularidades culturais’ (segundo
alguns autores), o fato é que caminhamos, para um mundo cada vez mais afinado
com essa tendência global e a escola deve estar atenta para propor discussões e
ações que venham contribuir para melhorar a vida de seus aprendizes dentro deste
contexto sócio-econômico.
Conclusão:
Neste
cenário internacional, de rápidas mudanças tecnológicas a escola deve estar em
contínua vigilância e alerta para prover ensino qualitativo aos que por ela
passam, levando seus aprendizes a adquirir conhecimentos que os levem a
entender o contexto histórico e social onde estão inseridos e que os
conhecimentos construídos na/pela escola possam atenuar que os aprendizes
venham a ser peças de dominação inconscientes permitindo aos alunos
apropriar-se de instrumentos que ajudem a produzir modificações sociais, entre
elas, a melhoria de sua própria condição.
A
escola deve propor uma ordem social menos excludente e, portanto mais justa.
Para isso, ela deve possuir, entre outros instrumentos de apoio, um currículo
flexível, que tenha metas bem definidas e claras para organização de
conhecimentos que não sejam fechados em si mesmos; um currículo que venha
sempre ser aperfeiçoado e renovado, levando em consideração o contexto real em
que a escola está inserida. Esse currículo deve prever algumas considerações
que devem pautar um debate contínuo, tais como o reconhecimento das diferenças
religiosas e de diferenças étnico-raciais, entre outras. Sabemos, porém, quão
difícil é na prática, trabalhar as diferenças. Em muitos casos em nossas
escolas públicas, tende-se a homogeneizar o fazer pedagógico, considerando a
complexidade e o trabalho que pode ocorrer ao se tentar trabalhar as diferenças
encontradas numa sala de aula.
As
nossas escolas devem pensar a importância da construção de um projeto
político-pedagógico que ajude a romper a homogeneização escolar enfatizando a
importância dos saberes que os nossos aprendizes possuem, utilizando-os junto
aos saberes escolares na tentativa de compartilhar novos conhecimentos a partir
da junção dos saberes antigos e atuais. Espera-se que a escola venha ganhar um
sentido mais concreto que não seja tão distante da rotina de vida de seus
alunos.
Por: Neemias A. Souza,
Texto iniciado em 28 de dezembro
de 2010 e finalizado em 28/12/2013.
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