Há evidências de que a proximidade às áreas verdes
traz inúmeros
Em artigo
anterior publicado aqui no Blog do Planeta, abordamos o desafio de
reconectar natureza e sociedade e como dependemos, mesmo vivendo em regiões
altamente urbanizadas, dos serviços ambientais prestados pelas áreas verdes
próximas ou inseridas nas nossas cidades. Neste segundo artigo, abordaremos os
benefícios dessas áreas para a nossa saúde.
A contribuição das árvores ou
áreas verdes para a proteção da saúde nas cidades deve-se a dois fatores
principais, o equilíbrio do microclima e a purificação do ar.
O equilíbrio do
microclima: a presença de áreas verdes traz uma considerável melhoria e estabilidade
microclimática devido a diversos aspectos, como a redução do calor e da
insolação direta, a diminuição da velocidade dos ventos e a ampliação da
umidade do ar. A diferença de temperatura entre regiões arborizadas e áridas
numa mesma cidade pode chegar a mais de 4ºC.
Na cidade de São Paulo,
vive-se atualmente um clima de deserto: quente e seco durante o dia; frio e
seco durante a noite. O excesso de calor gerado pela ausência arbórea afeta
significativamente o metabolismo humano, que, ao buscar a compensação térmica,
causa diversos transtornos, como desidratação, falta de apetite, perda de
energia e aumento da fadiga. Em crianças e idosos, esse desequilíbrio pode ser
fatal.
As árvores refrescam o
ambiente na medida em que modificam o grau de umidade local oriunda da
liberação do vapor d’água para a atmosfera por meio do processo de
evapotranspiração, diminuindo assim o calor superficial. Para completar, as
copas das árvores, repletas de folhas, refletem uma parte da radiação solar que
seria transformada em calor caso incidissem diretamente no solo asfaltado.
A purificação do ar: a literatura mundial relaciona a poluição do ar à
redução da expectativa de vida e maior risco de infarto, pneumonia, bronquite
crônica, asma e câncer do pulmão, entre outras doenças. O ar poluído já é a
primeira causa ambiental de mortes no mundo, ultrapassando a água contaminada e
doenças infecciosas.
Um dos benefícios mais
importantes da presença de áreas verdes nas cidades é que as árvores produzem
oxigênio por meio do processo de fotossíntese, reduzindo gases de efeitos
estufa ou ainda captando parte das partículas finas em suspensão no ar.
A cobertura vegetal pode
absorver e filtrar grade parte dos materiais particulados e elementos tóxicos,
como enxofre e manganês, que ficam retidos nos troncos das árvores. Portanto,
quanto mais densa a área verde, maior a proteção à nossa saúde.
Pessoas que residem próximas
às áreas verdes nas cidades estão mais protegidas, em distância, das doenças
cardiovasculares fatais. À medida que a moradia se distancia da área verde,
aumenta-se o risco dos moradores terem infartos do coração.
Há evidências de que a
proximidade às áreas verdes traz outros inúmeros benefícios físicos,
psicológicos e mentais à saúde, como o próprio convívio social dessas pessoas
nessas áreas, como praças, e a prática de exercícios físicos. Estudos relatam
ainda ganhos como a melhora das funções cognitivas, diminuição da depressão,
demência e doença Alzheimer, alívio de estresse, melhora do sono, redução da
pressão arterial, diabetes, doença cardiovascular e derrame cerebral, além da
melhoria da função do sistema imunológico e suscetibilidade a doenças.
Plantar árvores, manter as
existentes e cuidar delas deve ser, portanto, considerado um investimento para
qualquer cidade. E uma forma de os governos economizarem com saúde pública. Uma
política bem feita na área ambiental combate a poluição e ajuda a promover
estilos de vida mais saudáveis nos nossos centros urbanos.
*Marcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica;Evangelina Vormittag é diretora presidente do Instituto Saúde & Sustentabilidade.
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