“Salvem o planeta!” Essa é uma das frases feitas mais usadas pelo movimento ambiental. Foi cunhada com a melhor das intenções. Mas carrega um grande perigo. Ela pode induzir à compreensão errada de que o planeta Terra corre perigo. E que podemos salvá-lo. A Terra não corre perigo algum. Ao menos não por nossa causa. Se explodirmos todas as bombas atômicas disponíveis, o planeta continuará girando em torno do Sol, como tem feito nos últimos bilhões de anos, indiferente à nós.
O que nós estamos ameaçando com o uso insustentável dos recursos naturais é apenas nossa própria existência confortável no planeta. Se continuarmos alterando o clima, destruindo os rios, arrasando as florestas e esgotando o mar, vamos comprometer as bases naturais de nossa economia, nossa sociedade e nossa civilização. Mas o planeta vai continuar. Novas formas de vida irão prosperar em cima de nossos escombros e povoar a Terra.
O problema da expressão “salvem o planeta” é que transmite uma impressão de arrogância. Como se tivéssemos poder para ameaçar o planeta ou capacidade para salvá-lo. Nicolau Copérnico destruiu a ilusão de que somos o centro do universo. Sigmund Freud acabou com o mito de que controlamos nossa mente. Charles Darwin roubou o sonho de que estamos acima da natureza.
Nos últimos anos, historiadores e pensadores ambientais vêm mostrando como o sucesso e o fracasso de nossa própria civilização depende da manutenção de boas condições naturais. É mais um passo na evolução de nossa humildade
Fonte:
http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/#post-4853, acesso em 05/05/2012.
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