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O FILHOTE

terça-feira, 8 de julho de 2014

FULECO: O MASCOTE DA COPA 2014

 A Copa do Mundo no Brasil será a mais lucrativa da história. Ainda assim, pouca atenção foi dada a um personagem importante do evento. O Fuleco, nossa mascote. O tatu-bola-da-caatinga foi escolhido para representar o futebol no Brasil. Parecia uma mascote perfeita. A espécie Tolypeutes tricinctus é totalmente brasileira e, quando assustada, enrola sua carapaça para formar uma bola impenetrável. Além disso, é um animal em risco de extinção.

Seu nome Fuleco vem da junção das palavras futebol e ecologia e foi votado por quase 1,7 milhões de fãs. Ao sugerir o tatu-bola-da-caatinga como mascote, a Associação Caatinga esperava justamente unir um dos maiores eventos esportivos do planeta à conscientização ecológica. Toda a divulgação e publicidade que a copa gera poderiam ser usados para promover o animal e a campanha para salvá-lo da extinção. Não é o que tem acontecido, no entanto.
O habitat do tatu-bola, a caatinga e o cerrado, é desmatado a um ritmo assombroso. Além disso, a caça do animal ainda é muito comum. Por fim, poucos investimentos e políticas públicas são destinados à região. Há 15 anos, aAssociação Caatinga vem trabalhando para chamar atenção ao problema. Foi com esse intento que sugeriram o tatu-bola como mascote da Copa do Mundo no Brasil.
Quando saiu o resultado, “ficamos muito felizes”, diz Rodrigo Castro, secretário executivo da ONG. “Ficamos surpresos que uma ideia singela e simples pudesse chegar tão longe. Conseguimos emplacar um animal ameaçado nativo em um evento de escala global! Foi o primeiro gol da copa, marcado em prol da sustentabilidade.”
Depois da decisão da Fifa, a associação começou a preparar o Projeto de Conservação da Espécie. Segundo esse plano, a espécie seria salva em 10 anos. Seriam incentivadas ações de conscientização, políticas públicas, pesquisas e monitoramento do bioma para diminuir o desmatamento. Nos últimos 16 meses, a ONG esteve em contato constante com a Fifa para que esta ajudasse a mudar a história do tatu-bola.
Segundo Rodrigo Castro, foram dadas inúmeras sugestões de como a Fifa poderia atuar. Por exemplo, poderiam destinar uma parte dos lucros das vendas de brinquedos e pelúcias da mascote para sua conservação. “Até venderia mais”, diz Castro, “seria uma forma de marketing”. No site, a Fifa também poderia oferecer aos fãs do futebol informações sobre a biodiversidade brasileira e o risco que ela enfrenta, conforme a ONG sugeriu.
Todas as alternativas foram rejeitadas pela Fifa, pois esbarravam em suas políticas internas, na falta de recursos e no próprio plano de sustentabilidade. Até semana passada. Quando o gerente da área de sustentabilidade chegou ao Brasil, telefonou a Castro oferecendo 300 mil reais.
“Tínhamos 48 horas para pensar. Era uma decisão aos 45 do segundo tempo”, diz Castro. Porém, a associação decidiu recusar a oferta. A quantia era muito inferior ao esperado, menor ainda do que a colaboração de outros patrocinadores da ONG. “Não faria diferença nenhuma no nosso projeto de 10 anos”, segundo Castro.
Como contraproposta, a associação pediu 15% do valor total do projeto, a ser doado durante uma década. Para Castro, o valor, de 1,4 milhões de reais, é menos do que 0,05% do lucro estimado da Fifa. Estudo da consultoria BDO aponta que a entidade irá lucrar cerca de R$ 10 bilhões com o mundial.
Não receberam resposta. Na abertura da Copa, o Fuleco não estava presente. Também está sumido dos jogos. “Houve um recuo, ninguém sabe porque”, diz Castro. Ele afirma que grandes jornais têm noticiado a ausência da Fifa para salvar o tatu-bola.
Apesar disso, a escolha da mascote não foi totalmente em vão. O caso ganhou maior visibilidade e acabou acelerando a aprovação do Plano Nacional de Ação para Conservação do Tatu-Bola. O documento foi construído por 30 pesquisadores, gestores ambientais e ambientalistas, em uma parceria do O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio e da Associação Caatinga.
Atualmente, o plano busca recursos para sair do papel. Está em contato com o Ministério do Meio Ambiente, Ibama e outros órgãos ambientais. A campanha Eu ajudo o Tatu-Bola está mobilizando a sociedade civil e personalidades importantes, como empresas e organizações internacionais. Castro sonha alto. “Daqui a 20 anos, vamos lembrar da Copa do Brasil não pelo hexa que vamos ganhar. Mas sim porque mudamos o destino dessa espécie”.
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