Prezados: ao longo de 2013 na sala de aula, procurei colocar em pauta discussões sobre os efeitos do uso das drogas ilícitas no Brasil, dando ênfase para a maconha. Duas razões que me despertaram em abordar com mais vigor o tema maconha estão a seguir. Primeiro: o charme que a erva exala aos que a usam tem atraído adolescentes e jovens ao seu encontro. Segundo: políticos e ex-políticos importantes de nosso país, levantaram uma discussão no sentido de liberar o uso da maconha no Brasil. Isso ocorre em alguns países. A coisa é tão séria que há projetos no Congresso Nacional abordando a questão. Publiquei ao longo de 2013 alguns artigos científicos, todos apontando que o uso contínuo da erva pode comprometer o Sistema Nervoso, depreciando os neurônios cerebrais, inclusive danificando a memória humana. Fecho o assunto neste ano, publicando abaixo mais um texto que pode esclarecer sobre os efeitos danosos que a maconha pode proporcionar ao organismo humano. Pretendo voltar ao tema a partir de 2014. Quanto mais conhecermos o assunto, mais capacitados estaremos para discuti-lo. Segue o texto abaixo.
Neemias.
MACONHA
PROVOCA MODIFICAÇÕES NA ESTRUTURA CEREBRAL E PERDA DE MEMÓRIA DE CURTO PRAZO
Estudo
americano aponta que alterações cerebrais são parecidas com as da esquizofrenia
em adolescentes que fizeram uso da droga diariamente, por três anos.
AP
CHICAGO - O uso contínuo e diário de maconha
pode causar alterações na estrutura do cérebro parecidas com as da
esquizofrenia. Em estudo com adolescentes, pesquisadores da Universidade de
Northwestern, nos Estados Unidos, relataram que as modificações cerebrais estão
ligadas à perda de memória de curto prazo, o que compromete o desempenho
escolar.
A pesquisa foi realizada com estudantes
que fumavam diariamente durante três anos, entre os 16 e 17 anos, mais ou
menos. As anormalidades cerebrais e problemas de memória foram constatadas dois
anos após eles terem interrompido o consumo da droga, quando tinham cerca de
vinte anos. O resultado aponta para os efeitos do uso crônico em longo prazo.
De acordo com os cientistas, as estruturas
relacionadas com a memória pareciam encolher nos usuários, possivelmente
refletindo uma diminuição nos neurônios. O estudo também mostra que as
anormalidades cerebrais ligadas à maconha possuíam relação com o baixo
desempenho da memória de curto prazo, o mesmo problema observado no cérebro de
esquizofrênicos.
Nos últimos dez anos, os cientistas da
Northwestern, em conjunto com outras instituições, têm apontado que mudanças na
estrutura do cérebro podem alterar a forma como ele funciona. Estudos anteriores
já haviam avaliado os efeitos da maconha sobre o córtex, mas poucos haviam
comparado diretamente o cérebro de usuários crônicos ao de esquizofrênicos.
Esta é a primeira pesquisa a segmentar as regiões da área cinzenta subcortical
afetadas por usuários e também é a única a ligar a área com a capacidade de
processar informações do momento e, se necessário, transferi-las para a memória
de longo prazo.
O estudo relaciona o uso crônico de
maconha a estas anormalidades cerebrais que parecem durar por pelo menos alguns
anos depois de as pessoas pararem de usar a droga - disse o principal autor do
estudo, Matthew Smith, professor de pesquisa em psiquiatria e ciências
comportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Northwestern Feinberg. Com
o movimento para descriminalizar a maconha, precisamos de mais pesquisas para
compreender seu efeito sobre o cérebro.
Publicado nesta segunda na revista
“Schizophrenia Bulletin“, o estudo analisou apenas um ponto no tempo e os
cientistas afirmam que será preciso um estudo longitudinal para mostrar
definitivamente se a maconha é responsável pelas alterações cerebrais e perda
de memória.
É possível que as estruturas cerebrais
anormais revelem uma vulnerabilidade preexistente ao uso da droga - afirmou
Smith. - Mas a evidência de que o sujeito mais novo a usar a droga apresentou
maior anormalidade cerebral indica que a maconha pode ser a causa.
Cerca de 97 pessoas participaram do
estudo, incluindo usuários de maconha saudáveis ou com esquizofrenia e não
usuários saudáveis ou com esquizofrenia. Os que usaram maconha não fizeram uso
crônico de qualquer outra droga.
Conexão entre maconha e esquizofrenia
Dos 15 usuários esquizofrênicos no
estudo, 90% começaram a usar a droga intensamente antes de desenvolverem o
transtorno mental. O uso crônico da maconha já havia sido relacionado com o
desenvolvimento de esquizofrenia em pesquisas anteriores.
O abuso de drogas de rua populares, tais
como a maconha, pode ter implicações perigosas para os jovens que estão
desenvolvendo ou vão desenvolver transtornos mentais - relatou outro autor do
estudo, John Csernansky. Esta pesquisa pode ser pioneira a revelar que o uso de
maconha pode contribuir para as alterações na estrutura do cérebro que têm sido
associados com a esquizofrenia.
Tanto os fumantes crônicos saudáveis
quanto os com esquizofrenia tinham alterações cerebrais relacionadas com a
droga. No entanto, os indivíduos com transtorno mental apresentaram maior
deterioração no tálamo, uma estrutura tida como o centro de comunicação do cérebro
e fundamental para a aprendizagem, a memória e as comunicações entre as regiões
cerebrais.
O uso crônico de maconha pode aumentar o
processo de doença subjacente associada com a esquizofrenia - analisou Smith. -
Se alguém tem um histórico familiar de esquizofrenia, ele pode estar aumentando
seu risco de desenvolver o transtorno fazendo uso crônico da droga.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/maconha-provoca-modificacoes-na-estrutura-cerebral-perda-de-memoria-de-curto-prazo-11064016#ixzz2njXOPnKA.
Fonte:
http://oglobo.globo.com/saude/maconha-provoca-modificacoes-na-estrutura-cerebral-perda-de-memoria-de-curto-prazo-11064016,
acesso em 17/12/2013.
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